
A Fé
A Fé, perante o Mistério da Morte, permite-nos sofrer a Saudade daqueles que não sabemos quando voltaremos a ver.
Mas a Fé, a minha Fé, não me permite chorar, pelo João, pelo Carlos, pela mãe, pela Ana e pela Helena.
Como posso chorar acreditando, tendo a certeza, de que partiram para A Verdadeira VIDA?
Como posso chorar, crendo que encontraram, não o fim do caminho, mas a senda da Paz??
Como me arrogo o direito de chorar, sabendo que a vida é apenas uma passagem….Para a outra margem??
Helena: hoje estive perante o teu caixão e vi os teus pais inconsoláveis, e os teus filhos de olhar carregado de espanto…
Perder os filhos é contra-natura, dizia a tua querida mãe.
Perder a mãe, é uma dor que cava um buraco no peito que nunca será preenchido.
Perder uma colega/amiga, sempre sorridente, simpática e prestável, é incompreensível.
Não sei se sofreste no momento da partida: sei que me contaram que estiveram duas horas para te desencarcerar do teu Volvo de confiança.
Sei que estavas consciente enquanto vinte e não sei quantas pessoas te entubavam, te oxigenavam, te canalizavam veias…. e outras tantas pessoas…Cortavam os ferros do teu carro. A tua cunhada disse que até as tuas botas novas ficaram em tiras…
Helena, tu que gostavas tanto de pôr as botas altas por cima das calças: uma cinquentinha alta, giraça, desempoeirada!!!:)))
Querida Helena, convivemos poucos meses mas conhecemo-nos muito.
Amiga, só espero uma coisa: que a imagem de pessoa fantástica que recordarei sempre de ti, seja semelhante à imagem que te deixei.
_Os teus pais disseram que tu adoravas as colegas!..._Que bom…..
Helena, por momentos fechei os olhos e recordei o teu carinhoso sorriso:
_Vi-te a dizer-me “ então Isabel? O que é isso? Sorri! Eu estou bem!!”_
E então, em silêncio, pedi-te….Que, onde quer que estejas, te lembres sempre de pedir a Deus por mim e pelas minhas queridas filhas.
Obrigada Helena, pelo tempo que permaneceste na minha vida.
Isabel