A importância dos amigos virtuais.
Eles estavam
almoçando num restaurante sofisticado, indiano.
Ele, como
sempre, impaciente com a demora do serviço.
Ela,
descontraída atira-lhe com um : “ relaxa! Curte o momento! Estás de fim de
semana! Vive com calma!”
Ele resmunga
qualquer coisa.
Ela, que
raramente o visitava a Lisboa: era sempre ele que ia à terra dela visto até ter
lá casa de família, estava a tentar aproveitar ao máximo os momentos fora de
casa sem preocupações de maior.
Às tantas,
ela diz “ A minha amiga “xyz” é uma querida! Vê la que se ofereceu para me
acompanhar ao médico! Devíamos combinar qualquer coisa com ela”
Ele atira: “
Mas tu só a conheces do facebook! Como sabes que é tua amiga???”
Ela responde
tentando manter o tom de voz suave. “ é minha amiga sim, há mais de 2 anos!! Já
estive doente e foi a única pessoa que me telefonou!”
Ele
irritado, grita-lhe “ Disparate!! Isso é tudo um disparate pegado!! Como podes
dizer que tens amigo do fB se nunca os viste se nunca lhes tocaste, se nem
sabes que são reais??”
Ela diz: “
mas eu já tive provas de que são meus amigos…. Fiz até um grupo para ajudar
alunos com um colega da minha área…e falo com ele sobre tudo, é mesmo um amigo
de que gosto imenso! E não te preocupes porque é gay!!”
Ele fica
histérico! Paga o almoço e levanta-se da mesa resmungando. “ amigos? Amigos? Eu
não tenho amigos!! Isso não são amigos reais!! “
Ela
responde: “ mas lembras-te que , apesar de nos conhecermos desde miúdos, foi através do FB que me engataste???... Além
do mais, nem podes falar muito! Afinal tiveste uma namorada brasileira que
conheceste via FB! LOOLLLJ))”
Saem do
restaurante….
Ela fica
para trás com a sensação, ou melhor, com as palavras a ecoarem-lhe no coração: “mas
o que é que eu estou a fazer neste filme????”
Entram no
carro. Ele furioso com os olhos a chispar de raiva.
Ela calada.
Tinham
combinado passear por Lisboa essa tarde.
Ele acelera
o carro, mete-se na auto-estrada direito à terra dela, qual seta motorizada.
Passados 100
kms ela diz: “ importas-te de me deixar no meu carro??”
Ele fá-lo,
sem uma palavra.
Ela sai do
carro, bate a porta e apenas diz: “felicidades”.
Ele arranca
a toda a velocidade de volta a Lisboa.
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E foi assim
que terminou uma relação de 7 meses, cravada de declarações de amor,
apresentações à família e ofertas de anéis
de compromisso.
Isabel.