O divórcio é sempre algo duríssimo, difícil, doloroso.
Quando há filhos do casamento finado, a dor é elevada à enésima potência.
Há casamentos "porque sim", porque está na altura de assentar, porque se gosta mais ou menos, por conveniência, para atenuar a solidão.
Há casamentos, em que o "Sim" é uma expressão de amor profundo, de cumplicidade, amizade, compreensão e de um longo conhecimento e entrega um ao outro.
O casamento, é, para mim, um Sacramento: o último antes da extrema-unção.
Quando se casa com recta-intenção, numa perspectiva de entrega total para o bem e para o mal, quando duas pessoas se unem perante Deus dando testemunho do seu amor... e , mais ou menos de repente, um dos esposos é surpreendido com uma deslealdade imperdoável, por muito que se creia em Deus, por muito que se respeite o Santo Sacramento do matrimónio..... o amor-próprio, a dignidade do traído fica de tal modo ofendida e destroçada que não permite outra solução... que não o divórcio: por mais que custe, que doa, por mais que se sinta que o chão foge debaixo dos pés como se toda a vida deixasse de fazer sentido.
Dói muito, mas Jesus Cristo disse: " Amai o próximo como a vós mesmos".
_Como me posso amar se permito que me desfaçam a vida? Como me posso amar se me sinto um tapete usado e pisado pelos pés de quem amei????_
É por isso que as pessoas se divorciam: porque gostam delas mesmas, porque se amam, , porque sabem que persistir num casamento de aparência e sem confiança é pior do que 10 maus divórcios!!!
A questão é: como é que o homem e a mulher vêem e sentem o divórcio????
Em 90 % dos casos, o homem sai de casa, dedica-se ao novo amor, à carreira, ao trabalho, à sua vida pessoal, ficando "obrigado" a contribuir com a "famigerada" pensão de alimentos e com visitas de 15 em 15 dias, aos filhos.
Assim, em 90% dos casos, a mulher fica a braços com os filhos para criar, normalmente só, sem ter a quem recorrer se um deles se enche de febre a meio da noite ou se a professora telefona a dizer que o filho faltou. É a mãe que está lá, que tem que resolver, que vai, que corre , que percorre, que pede, que consulta, que os mete no carro, que os leva a arder em febre para o hospital mais próximo, que falta ao seu emprego quando eles adoecem ou quando, como encarregada de educação, têm que comparecer a reuniões escolares.
Está explicado porque as estatísticas indicam que, apesar de haver mais licenciadas do que licenciados em Portugal, são normalmente os homens que atingem o topo da carreira.
E como é que a sociedade encara o divorciado e a divorciada??.......
Com indulgência se o divorciado sai de casa para ir viver com outra, mais bela, mais jovem ou mais...endinheirada;
Com compreensão, se o pai, é pai de 15 em 15 dias, ou apenas umas horas por semana.
_Tenho primos que já se casaram 4 vezes: é tudo normal!!!_
Como se olha para uma mãe divorciada????.... Primeiro com comiseração ... (coitada)!
Depois com o eterno bom conselho: " dedica-te aos filhos, vive para os teus filhos"_ como se fosse preciso dizer tal, quando é a mãe que pede o "poder paternal"!!!_
Finalmente, quando os filhos adquirem alguma autonomia e a mãe se começa a sentir só pressentindo que a vida passou por ela mas ela não passou pela vida, com recriminação: "quantos namorados já teve depois de se divorciar???...." Cuidado! não apresentar aos filhos o namorado antes de ter certezas de que é para sempre!!!
Cuidado!! Cuidado!! cuidado!!!
Estranho também, é a maneira como os homens falam das ex-mulheres!
A maioria dos meus amigos divorciados dizem-me " não, ela nunca mais teve ninguém"... Mas porquê??? Fez voto de castidade????_ " Ai, não, sei lá, dedicou-se aos filhos e nunca mais quis ninguém!!! Não sei... " e despedem-nos com ar enfadado.
Há também o extremo!! O extremo de o ex- marido achar que a ex-mulher tem o dever de lhe pedir autorização para refazer a sua vida!!! E com esse extremo vem a retaliação!!!
Tem namorado?? Então ele que que pague a pensão de alimentos!!
E há o "extremo taliban": és minha ex-mulher mas pertences ao meu harém!.. "Dou-te tudo o que tu quiseres se atenderes aos meus desejos!!" _ Onde é que eu já vi este filme??;)_
Depois... há os que se divorciam e ficam infelizes para sempre! Aí, sofrem os filhos, os desgraçados que não pediram para nascer, vêem-se jogados numa guerra de nervos, numa tensão emocional insuportável como carregando sobre os ombros o dever de não defraudar nem o pai, nem a mãe.
Vão ao pai, mas omitem à mãe o que viram, assistiram, ouviram. Escondem até algumas vezes quando o pai irresponsavelmente os vai, por exemplo, buscar sem autorização da mãe, obrigando-os a faltar a aulas ou ..whatever!....
Fazem a mãe perder a cabeça quando é informada pela directora de turma destas "pequeninas" grandes mentiras, obrigando-a a castigá-los pela mentira que se sentiram obrigados a assumir!
Pois é meus amigos!!!!
Não há igualdade de género nesta questão de divórcio!!!!
Assumamos: não estamos assim tão longe da Arábia Saudita no que concerne aos direitos das mulheres!!!
Corre, infelizmente, muito sangue muçulmano nas veias dos homens portugueses do século XXI.
Isabel.


.jpg)
.jpg)

