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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A EQUAÇÃO DO AMOR


Às vezes damos por nós a pensar o quanto é complicado o amor; experiências mais ou menos marcantes, deixam-nos cheios de pontos de interrogação.
Damos por nós a saber o que não queremos, o que não nos serve , o que nos ofende ou magoa e a dificilmente saber o que queremos…
E talvez não saibamos porque a “pessoa certa”… não apareceu.
Como diz Galeano, “ a utopia serve para caminhar”.
É perseguindo essa utopia que seguimos, sós, porque as coisas fáceis, não são as que nos preenchem.
Conhecendo-nos, sabemos que só alguém muito especial nos fará acelerar a frequência cardíaca.
A biologia ensina-nos que são os machos que constroem ninhos lindos para as fêmas apreciarem, que lutam entre si, que marcam território,  que têm o trabalho todo: não é fácil cativar, de todo!!!!
Existem os desiludidos da vida que resumem o amor à experiência sexual.
Inventam mil artefactos, aventuram-se em encontros às cegas, exploram a parte física ao ponto de, como alguns amigos confessaram, ir a casas de swing para “apimentar” a relação….Há quem pense que o amor precisa de terceiros!....
Onde está o amor neste tipo de relações??.... Nem com microscopia electrónica se encontra. Encontra-se facilmente a luxúria, a irracionalidade, a ausência de emoções, o vazio, isso decerto.
E depois, há aquelas histórias das mulheres que trocam tudo,  e se armam em conquistadoras, ou melhor, em invasoras do território masculino como se o feminismo e a modernidade implicassem essa atitude!!
As mulheres da minha geração,  ou melhor, as que tiveram a minha educação, não se sentem amarradas a preconceitos: sabem apenas manter-se no seu lugar…. E… a biologia não se contraria!
Em questões do coração não há igualdade. Há seres humanos, normalmente homem e mulher e a cada um cabe o seu papel: o que conquista e o que se deixa conquistar, embora subtilmente, o conquistador se torne em conquistado.
E é nesse encontro, nessa troca, que tudo se torna simples e sublime.
Posto isto há quem tenha encontrado equações matemáticas que tendem para o infinito a que chamam amor. Sim, porque o Amor, não é eterno enquanto dure. É apenas ….eterno.
Eu tenho para mim que o amor é uma equação simples: empatia, compreensão, o “falar a mesma linguagem”, o saber estar, partilhar e respeitar os gostos, princípios, valores, educação… e depois aquela parte inexplicável: o perfume, o tom de voz, a temperatura da pele….
Se juntarmos os ingredientes das variáveis acima mencionadas, se elas se conjugarem no tempo e no espaço: o milagre acontece. Foi plantada a semente do verdadeiro amor.
Depois… Ah depois é só regá-la com ternura, dar-lhe o sol da alegria, e….livrá-la da sombra da solidão.

Isabel.

domingo, 25 de novembro de 2012


A Filipa,  do alto dos seus reinvindicativos 15 anos, disse-me algo que me deixou mais ou menos sem palavras e…ao mesmo tempo com muitas palavras cá dentro, muitas emoções, muitos sentimentos enrodilhados qual novelo de lã com que um gato brincou.
Vamos tentar “refazer” o novelo de lã para podermos… tricotar a vida.
Disse-me a Filipa: “ mãe, sabes, não gosto dos filhos dos ciganos nem dos filhos dos “tios”.
(!!!!!)
Respondi: _“ Filipa, isso é preconceito!!! Há gente boa e má em todo o lado!!”_
Ainda entendo que ela não goste dos “meninos de etnia”: afinal já lhe bateram, já lhe tentaram roubar a mochila, já ofenderam a mãe , a irmã e tudo quanto é família….. Mas, no entanto, ela tem na sua turma de 10º ano um menino dessa  mesma etnia que tem um comportamento exemplar!!
Quanto aos filhos dos tios, reconheço que alguns possam ser demasiado arrogantes e até mal-educados,_ a sério, ser filho de XYZ ,não é apanágio de nada._
E eu???
Como lido com isto tudo??
Nesta classificação simplista,  o que sou eu??
Apesar da minha família não ser de Coruche e nunca aqui ter tido propriedades, a verdade é que sempre me dei bem com aqueles a que a Filipa,  ( e infelizmente muita gente), chamou de “tios”.
Aliás, ela chama “tias” às minhas melhores amigas de infância.
Tias, no bom sentido, porque são amigas, grandes amigas da mãe.
Coruche, é um meio rural e aqui chamam “tios” aos latifundiários ou ex-latifundiários, alguns tão ou mais pobres que eu.
Como os conheço desde a infância e a minha mãe me “obrigou” a fazer a escola primária numa professora particular, sou amiga da maioria dos ditos “tios”,  desde a infância.
É óbvio que sendo famílias coruchenses do antigamente são sujetos aos olhares dos “burgueses” ou “aburguesados” da vila e por vezes discriminados como pertencentes a uma elite.
Os meus amigos, são meus amigos. PONTO!
Nunca me preocupei em “encaixá-los” em qualquer tipo de classificação.
Pessoas são pessoas. Fui educada a cumprimentar a varredora de ruas como cumprimento o maior latifundiário da vila.
Quem discrimina quem???
Quem classifica e quem põe de parte quem??....
Apesar de não ser natural desta vila e de a minha família nunca aqui ter possuído nada, sempre fui tratada como amiga pelos meus amigos sejam eles detentores de prédios, herdades ou de nada.
“Tios” são os que dão só um beijinho?? Às vezes também dão dois!:))
E toda a gente sabe que as duas maneira de cumprimentar estão correctas. Não há nenhum manual de etiqueta que refira esse pormenor.
Já estive na Bélgica onde há pessoas que dão 3 beijinhos… e na Alemanha onde não dão nenhum.
A verdade é que classificar as pessoas, catalogá-las como “espécimens”, é um perfeito disparate sem qualquer tipo de lógica.
Se sou snob??
Sim. Sou snob com os “manientos”, “cagões”, “parvenues”, idiotas, desonestos e ladrões…Como os nossos políticos. Com esses, sem dúvida, sou snob.
Com aqueles que para valorizarem a sua imagem ostentam o que possuem e às vezes nem possuem, precisam de vestir roupa de marca para se afirmar, precisamde dizer que a sua família tem não sei quantas centenas de anos de história, etc,  etc,  definitivamente, com esses sou snob. Não lhes passo chapa, não há pachorra!
A verdade, é que nascemos nus… E nus morreremos.
Quanto aos antepassados, matematicamente está provado  e estudado que todos temos ancestrais plebeus e nobres.
Não gosto de catalogar pessoas, nem gosto de ser catalogada: já o senti na pele. Já me apresentaram como “a tia” do meu local de trabalho.
Porquê??.... Nunca percebi. Por ser monárquica???.....
Por gostar de me vestir com bom gosto,(das poucas coisas boas que herdei da minha lindíssima mãe), por ter referido a um colega de Gouveia que a minha família paterna era de lá_ e fiquei a saber que “aquilo era tudo deles”_,(!!!!) por ter andado na escola primária privada??..........................................................

“No enterro na famosa cripta dos Capuchinhos, onde estão todos os outros soberanos Habsburgos, foi cumprido o ritual de acesso.
Três vezes bateram nas portas de bronze. Três vezes um frade perguntou: – Quem quer entrar?
Na primeira vez disseram os seus títulos de nobreza. O frade respondeu: – Não o conhecemos. Na segunda vez disseram seus feitos. O frade revidou: Não o conhecemos. Na terceira vez disseram seu nome de baptismo:- Otto, simples pecador. E o frade abrindo os portais da eternidade respondeu:- Entre no reino da Divina Misericórdia e descanse em paz, Otto.”

É assim: no nascimento e na morte Deus,  só nos conhece pelo 1º nome.
Boa noite

Isabel


O PODER DA ORAÇÃO


Hoje, a minha filha Filipa, típica contestatária de 15 anos perguntou-me: “ oh mãe, se Deus é assim tão bom, e gosta de todos nós, porque é que ajuda mais os que rezam do que os que não rezam????”......
( Bem, esta miúda já perguntou ao seu professor de Moral, o nosso Pároco,porque é que, se  na Bíblia diz que não devemos adorar imagens … as Igrejas estão cheias delas!!!!_Felizmente, a resposta do Padre,  satisfê-la_ .Graças a Deus que temos um Pároco esclarecido!)
Bem…. Eu não demorei a responder e penso que, não querendo escandalizar ninguém,  disse aquilo que acho e com toda  a sinceridade:
Para mim, Deus não precisa de sacrifícios nem das nossas orações para NADA!! Até deve ser uma "seca" ouvir um rosário contínuamente, humanamente falando!:)))
A verdade, é que o terço é uma importação das antigas religiões asiáticas, nomeadamente a budista. Eles também têm uma espécie de terço e recitam mantras.
Então, para que existe a oração repetitiva???
Simples: a vantagem é maior para nós que rezamos do que…. para Deus.:))))
Ao rezarmos e repetirmos as mesmas palavras e frases  sincronizamos as ondas cerebrais,  promovendo uma sensação de Paz, Calma e Confiança.
O Deus que eu conheço e Amo, não gosta de sacrifícios, não precisa que vamos a pé a Fátima,  nem que demos não sei quantas voltas ao Santuário com os joelhos ensanguentados.
Nós fazemo-lo para apaziguar a nossa consciência, para nos sentirmos melhor pelas Graças recebidas ou, para  pedir algo que parece impossível aos nossos olhos.
Deus ama-nos a todos como um pai ama todos os seus filhos: e aos olhos de um pai, um filho não substitui   outro.
Creio, profundamente, que aos olhos de Deus, somos todos únicos mas iguais em Valor.
Deus, na sua Santa Perfeição, não discrimina os seus filhos.
Não foi Jesus Cristo que disse que  “ O bom pastor abandona todo o rebanho para ir em busca da ovelha que se perdeu”???.....
Pois… mal ou bem lá me desenvencilhei de uma pergunta difícilJ
O que uma mãe tem que estudar para manter os filhos no caminho da Fé!!
Uii!... Não é fácil…J)))
PS: lembro-me de ser pequenina e todas as noites a minha mãe me adormecer, rezando o terço ao meu lado…. (Saudades mumy!! <3 o:p="o:p">
http://folklusitania.heavenforum.org/t149-frequencias-binaurais


sábado, 24 de novembro de 2012


Bento de Moura Portugal (1702 - 1766)

Informação recebida da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra relativa à exposição sobre Sócios Portugueses da Royal Society que inaugura a 15 de Novembro (na imagem a máquina de Savery que Moura Portugal aperfeiçoou):

Bento de Moura Portugal (1702 - 1766)

Físico e engenheiro. Foi eleito membro da Royal Society em 5 de Fevereiro de 1741.

Nasceu em Moimenta da Serra, Gouveia, e morreu no forte da Junqueira, em Lisboa, onde se encontrava encarcerado, vítima do regime pombalino, acusado de conspiração contra o governo.

Cavaleiro da Casa Real e da Ordem de Cristo, estudou Direito na Universidade de Coimbra. Para desenvolver as suas invulgares competências técnicas em assuntos mecânicos, foi enviado por D. João V para o estrangeiro. Assim, durante alguns anos, viajou pela Europa, demorando-se na Alemanha, e também em Inglaterra, onde aprendeu a filosofia newtoniana. Cientista notável, foi chamado “Newton português”. Foi autor de vários inventos e trabalhos de melhoramento para o reino, nomeadamente na área da hidráulica, para benefício da agricultura. Um dos seus méritos foi o melhoramento do funcionamento da máquina de vapor do inventor inglês Thomas Savery (c.1650-1715). A sua máquina, chamada “de fogo”, era capaz de funcionar por si mesma, um progresso muito apreciado pelo inglês John Smeaton (1724-1792), um dos pioneiros da locomotiva, que a divulgou nas Philosophical Transactions.

Alguns dos seus escritos foram redigidos no cárcere, em condições dramáticas e completamente ignorado. Prestou-lhe homenagem e reconhecimento público Teodoro de Almeida quando, juntamente com uma crítica ao comportamento despótico do Marquês de Pombal, incluiu, no terceiro volume da sua obra Cartas físico-mathemáticas (Lisboa, 1799), a carta com o título Sobre huma máquina para provar a causa das marés, segundo a doutrina do grande Bento de Moura Portugal. Os 28 cadernos de manuscritos da prisão, juntamente com outros apontamentos do autor, foram publicados pela primeira vez pela Imprensa da Universidade de Coimbra, em 1821, sob o título Inventos e vários planos de melhoramento para este Reino : escriptos nas prisões da Junqueira por Bento de Moura Portugal.

Bibliografia:

- PORTUGAL, Bento de Moura, 1702-1766? - Inventos e vários planos de melhoramento para este Reino : escriptos nas prisões da Junqueira. Coimbra : Na Imprensa da Universidade, 1821. LVII, 223 p. UCBG RB-23-23

- SMEATON, John, 1724-1792 - An engine for raising water by fire, being an improvement of Savery’s construction, to render it capable of working itself, invented by Mr. de Moura of Portugal, F.R.S. Philosophical Transactions. London : Royal Society of London. 47 (1751/1752) 436-439. Contém gravura em folha desdobrável. UCBG A-48-2

POSTED BY CARLOS FIOLHAIS AT 09:56 

LABELS: HISTÓRIA DA CIÊNCIA
 Publicado no Blog De Rerum Natura.
Bento de Moura Portugal, meu antepassado pelo lado da minha bisavó paterna.
( o mundo é mesmo pequenoJ)

O CERN e Georges Lemaitre


O CERN e Fernando Pessoa

por ANSELMO BORGESOntem298 comentários
A descoberta do bosão de Higgs (ainda não há provas totalmente definitivas) aproximou-nos um pouco mais dos instantes que se seguiram ao Big Bang.
É fabuloso aonde a ciência está a chegar. Mas é claro que ela não poderá alcançar o Big Bang enquanto tal, pois trata-se de uma singularidade. Como é ainda mais claro que para a ciência não tem sentido perguntar: "e antes do Big Bang?", já que o tempo apareceu com o Big Bang. O "antes" tem já a ver com questões filosóficas e religiosas.
Começa, pois, a ser tempo de cientistas, filósofos e teólogos se juntarem para reflectir sobre a criação do Universo. E foi isso precisamente que aconteceu no passado mês de Outubro em Genebra. "Dei-me conta de que é necessário discutir isso", disse Rolf Heuer, director-geral do CERN. Como cientistas precisamos de "discutir com filósofos e teólogos o antes do Big Bang".
Para alguns, trata-se de uma questão sem interesse. Assim, para Lawrence Krauss, um físico teórico da Universidade Estatal do Arizona, aquela reunião não significava que os cientistas estejam interessados em Deus. "Não se pode refutar a teoria de Deus. O poder da ciência é incerto. Tudo é incerto, mas a ciência pode definir essa incerteza. Por isso, a ciência progride e a religião não."
Há, porém, quem lembre que foi um padre católico, professor de Física na Universidade Católica de Lovaina, a primeira pessoa a propor, em 1931, a teoria do Big Bang. E manteve a fé religiosa como sendo tão importante como a ciência, tornando-se inclusivamente presidente da Academia Pontifícia das Ciências até à sua morte, em 1966. E, ao contrário do que frequentemente se diz, Darwin também deixou escrito na sua autobiografia: "O mistério do princípio de todas as coisas é insolúvel para nós, e, pelo meu lado, devo conformar-me com permanecer agnóstico."

 (Este senhor chamava-se Georges Lemaitre e era primo de um primo meu belga que casou com a minha prima Isabel:)
O Mundo é pequeno..Mesmo com o Big-bang!:)


Dos sofrimentos úteis e dos inúteis
Por José Luís Nunes Martins, publicado em 24 Nov 2012 - 03:00 | Actualizado há 22 horas 45 minutos
Já há sofrimento inevitável que chegue na vida, não é preciso escolher o que pode ser evitado

Conhecer a história da vida de alguém pode revelar muito pouco a respeito do que ela irá fazer hoje. As circunstâncias mudam, a capacidade de escolher altera-se, o simples facto de ter consciência de estar a seguir uma linha pode ser o suficiente para querer sair dela.
É certo que o ser humano tende a refugiar-se no hábito. Mas é também verdade que nunca deixa de ser livre, ainda que permaneça fiel a uma determinada opção. Ser-se obediente é sinónimo de uma liberdade elevada, assumida e forte. Mas há poucos homens livres a este ponto.
A consciência reescreve os dados do passado a fim de criar narrativas mais ou menos fantasiosas que ou nos apoucam os falhanços ou nos aumentam os sucessos. Assim, a imagem que temos de nós mesmos é quase sempre fruto desta distorção. Na verdade, talvez não sejamos tão bem sucedidos, inteligentes e talentosos quanto julgamos... tendemos a olharmo-nos como heróis que já superaram mil e um cabos de outras tantas, ou mais, tormentas.
Há nestas narrativas a posteriori um erro comum. Trata-se da ideia de que há uma relação direta entre o valor do objetivo que se pretende e o sacrifício que é necessário para o atingir. Como se as coisas boas tivessem sempre um preço justo a pagar em dor, direto e proporcional. Assim não é. O sofrimento de um caminho, por si só, não é garantia de que o caminho seja, sequer, certo.
Tende-se a promover o sofrimento como a pena a pagar pelo que é bom. Assim, há muitas histórias onde a moralidade subjacente é a de que só com espírito de sacrifício se podem alcançar bens valiosos. Na realidade, por vezes é assim que acontece, mas não é sempre. Muito mais são os sacrifícios que se fazem em favor de alcançar... coisa nenhuma. Há, infelizmente, muita dor em vão. E há bens, muito valiosos, raros, ao alcance da nossa mão, aqui, já... nem acreditamos de tão simples!
O sofrimento não é bom. É um mal. E, todo aquele que quer ser feliz, deve lutar contra o mal, no campo do inimigo – se necessário, mas nunca fazendo lá a sua casa. Já há sofrimento inevitável que chegue na vida, não é preciso escolher o que pode ser evitado.
Também não vivemos para estar alegres a cada minuto. A felicidade será uma forma de caminhar, mais que um prémio no fim de um qualquer caminho espinhoso. Devemos aprender a enfrentar a vida com generosidade, dando sempre o melhor de nós mesmos, e, quando for tempo de enfrentar o sofrimento, que o façamos então com coração cheio de amor, não pela dor, mas pela vida.
Nascemos com uma vontade grande de viver, mas há quem teime em querer sofrer a cada hora... ora porque não tem o que deseja; ora porque o tem mas receia perdê-lo; ora, finalmente, porque perdeu o que tinha...
Aqui, talvez seja bem mais justo olhar a vida como uma dádiva contínua que envolve um mundo imenso de possibilidades. Mais, talvez a essência da vida seja a sua dimensão intemporal. Eterna. Daí, esta vontade funda que é a certeza de um infinito.
Há instantes em que experimentamos o eterno aqui. Sempre breves. Simples. Mas um sinal. Como um raio de luz que nos ilumina o caminho a partir do destino. A partir de nossa casa.
Ser feliz talvez passe por uma capacidade de partilhar o nosso caminho, de aceitar como nossas as dádivas das alegrias e das dores dos outros. Obedecendo humildemente, a cada instante, à nossa essência, a esta vontade infinita de ser feliz, nos caminhos deste mundo, apesar de tudo. Lutando contra todo o sofrimento. Contra todo o mal.
Investigador
Escreve ao sábado

domingo, 4 de novembro de 2012

" Com os olhos carregados de sonhos"


Com os olhos carregados de sonhos
Por José Luís Nunes Martins, publicado em 3 Nov 2012 - 03:00 | Actualizado há 1 dia 21 horas
Todas as mudanças custam. Mesmo quando tudo melhora… até mesmo quando o pior acaba

O homem tende a adaptar-se a todas as circunstâncias. Porque somos humanos, tornamo-nos capazes de enfrentar e superar as adversidades, mas tendemos sempre para uma adaptação mais do que para uma qualquer revolta. Como se concentrássemos todas as nossas forças no sentido de nos preservarmos, mais do que arriscar heroicamente a sobrevivência por uma condição melhor.
Por vezes as circunstâncias mudam subitamente, o conforto desaparece porque não se reconhece o novo chão. Cerram-se os olhos, lembram-se os sonhos. Concentramo-nos no que de mais belo há, o futuro, que sempre depende mais de nós do que julgamos. Do nada surgem então forças capazes de carregar o mundo inteiro.
Os olhos carregados de sonhos transbordam. De uma felicidade simples que mais não é que uma esperança capaz de iluminar o caminho que há de ser feito.
Cada um de nós precisa de uma casa. De um lugar onde haja o calor da esperança, um pedaço de espaço onde vários esforços se conjugam para que os sonhos sonhados à mesa se ergam do nada, para que a felicidade dali transborde para outras casas.
Haverá homens que demoram uma vida inteira a encontrar a sua casa. Alguns precisam de morrer para o conseguir... mas a maior parte das vezes o caminho para a nossa casa passa por uma vontade de mudar o interior e prepará-lo para aceitar algo diferente, algo que não depende de nós, o outro.
O sofrimento das horas difíceis une os que o suportam em conjunto. As horas não se fazem nunca nem mais longas nem mais curtas e o nosso tempo por aqui é limitado, bem limitado. Quase sempre demasiado curto para tantos sonhos... mas o segredo talvez passe pela capacidade de aprender a sonhar mais simples, sonhar com o amanhã antes de sonhar com o ano que virá (tão) depois. Sonhar à mesa, com os que descansam o seu coração perto do lugar onde nosso também tem paz. Depois, mudar o que for preciso, tudo, se necessário. Sendo mais fortes que os medos...
A felicidade nunca chega aos corações dos egoístas. As lágrimas só saem dos olhos de quem é capaz de sonhar. Porque só quem se dá como abrigo à esperança sofre os reveses de tantas noites que adiam as madrugadas. Só quem espera pelo melhor, sofre o peso dele se adiar...
A Vida não é só isto, aqui. É mais, muito mais. Quem busca o significado da sua existência apenas por aquilo que vê neste mundo, condena-se a uma vida sem sentido, por não ser capaz de ver com os olhos fechados...
As mudanças doem. Sem dúvida. Porque envolvem incertezas. Mas não será toda a nossa vida, toda ela, uma enorme incerteza? E quão mais bela fica por se saber que é certo que nesse mar incerto, mais tarde ou mais cedo, descobriremos a nossa casa!

Investigador
Escreve ao sábado


Novembro

Casaram em Novembro.
Partiram em Novembro, na madrugada do mesmo dia, como se tivessem marcado encontro no Céu onde o vosso amor será perfeito.

Amo-vos papá e mamã.

(2/11/2008)
(2/11/2012)

Isabel

TEXTO DA FILIPA PARA O AVÔ QUE PARTIU


"Mais uma noite, mais um dia sem ti... se sinto a tua falta? claro... sinto falta da "fabrica da bela castanha", sinto falta de quando me ias buscar à cresce e íamos a uivar pelas ruas, sinto falta de quando jogavas ao berlinde comigo, de quando tocavas guitarra e te punhas a cantar mais uma daquelas musicas tontas que inventavas, de quando me ensinavas a jogar todos os jogos que sabias, de quando me ias à cama dar uma chávena de leite quente com chocolate, dos nossos "feitiços" sempre que faltava a luz...
Eras o único que alinhavas nestas maluqueiras comigo...
Mas o tempo foi passando... e a idade também... as doenças e os problemas aumentaram... e primeiro tiraram-me a avó, e depois disso tudo mudou, tu mudaste... agora passado quatro anos desde que ela partiu... partiste tu...
Passou-me tudo à frente dos olhos e eu nao os consegui fechar... apesar de tudo aquilo que vi da forma como foram os teus "últimos meses", da forma como a doença te pôs... vou-me sempre lembrar de ti como aquele avô divertido... daquilo, que na brincadeira, tantas vezes dizes-te "Quando eu morrer, não quero choros nem gritos, quero apenas que me levem à cova um garrafão de cinco litros!"
Obrigada por tudo avô."
Filipa.