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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ingrid Bettencourt


A dor no peito, o peso, a opressão, são por vezes moderados com pequenas coisas que me fazem pensar que o Ser Humano é capaz de se superar e de atingir limites considerados intransponíveis.
Hoje, depois de chegar de casa de minha mãe, enquanto tratava da cozinha ia vendo o telejornal como sempre faço.
Fiquei….Sem palavras quando vi a Ingrid Betencourt na TV.
Esta mulher, apareceu na TV porque vai receber o prémio príncipe das Astúrias, aqui ao lado.
E porque vai ela receber esse prémio??
Porque resistiu 6 anos em cativeiro, no meio da selva da Nicarágua, nas mãos dos guerrilheiros das FARC.
Porque teve a vida em perigo durante 365 dias X 6 anos;
porque caminhou debaixo de chuva e sol;
porque esteve longe de tudo quanto amava e conhecia;
porque durante 6 anos nada soube dos filhos;
porque nunca desistiu de lutar pelos seus ideais;
porque não se RENDEU nem conhece o significado de tal palavra;
porque não soube o que era o conforto de uma casa, porque derrapou na lama, porque dormiu debaixo de chuvas tropicais, porque conviveu com toda a espécie de insectos, aranhas venenosas, animais ferozes e o mais perigoso de todos: os seus “humanos” carcereiros.
TEVE FÉ.
Às tantas a jornalista perguntou-lhe como foi possível sobreviver tanto tempo, a tanta coisa num meio tão hostil: e ela respondeu_ Tive sempre Fé em Deus. Soube sempre que Ele nunca me abandonaria!_
No pulso continua o terço construído por ela com corda e pequenas pedras ou pedaços de madeira: o terço que nunca larga, símbolo do cárcere e da liberdade.
A sua voz é tranquila; o seu olhar transmite uma paz indizível, as suas palavras não são rebuscadas mas simples e transparentes…Diz: “ aprendi a ser tolerante, a não dar importância às coisas que não a merecem, hoje aprecio mais ter um tecto, dormir numa cama, a companhia dos meus filhos e, privilégio dos privilégios: poder dizer NÃO.”
Terminou a entrevista afirmando que pretende vir a Portugal visitar a Nossa Senhora de Fátima.
Dos seus olhos líquidos, escorre amor, das suas palavras sobressai a paz, do seu porte altivo, a tranquilidade de quem sabe que já se ultrapassou a si mesma.
Na minha mesa de cabeceira está o seu livro que se chama “Com raiva no coração”.
Pois. Esta mulher extraordinária é a prova provada de que o ser humano é tão complexo e perfeito que a raiva pode conviver com o Amor dentro do mesmo coração.
Ingrid Bettencourt, mulher nicaraguense e do mundo:
O meu respeito por ti e pela tua história deixa-me sem palavras.
Obrigada por existires.


Isabel (Outubro 2008)

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