Com os olhos
carregados de sonhos
Por José Luís Nunes Martins, publicado
em 3 Nov 2012 - 03:00 | Actualizado há 1 dia 21 horas
Todas as mudanças custam. Mesmo quando
tudo melhora… até mesmo quando o pior acaba
O homem tende a adaptar-se a todas
as circunstâncias. Porque somos humanos, tornamo-nos capazes de enfrentar e
superar as adversidades, mas tendemos sempre para uma adaptação mais do que
para uma qualquer revolta. Como se concentrássemos todas as nossas forças no
sentido de nos preservarmos, mais do que arriscar heroicamente a sobrevivência
por uma condição melhor.
Por vezes as circunstâncias mudam subitamente, o conforto
desaparece porque não se reconhece o novo chão. Cerram-se os olhos, lembram-se
os sonhos. Concentramo-nos no que de mais belo há, o futuro, que sempre depende
mais de nós do que julgamos. Do nada surgem então forças capazes de carregar o
mundo inteiro.
Os olhos carregados de sonhos transbordam. De uma felicidade
simples que mais não é que uma esperança capaz de iluminar o caminho que há de
ser feito.
Cada um de nós precisa de uma casa. De um lugar onde haja o calor
da esperança, um pedaço de espaço onde vários esforços se conjugam para que os
sonhos sonhados à mesa se ergam do nada, para que a felicidade dali transborde
para outras casas.
Haverá homens que demoram uma vida inteira a encontrar a sua casa.
Alguns precisam de morrer para o conseguir... mas a maior parte das vezes o
caminho para a nossa casa passa por uma vontade de mudar o interior e
prepará-lo para aceitar algo diferente, algo que não depende de nós, o outro.
O sofrimento das horas difíceis une os que o suportam em conjunto.
As horas não se fazem nunca nem mais longas nem mais curtas e o nosso tempo por
aqui é limitado, bem limitado. Quase sempre demasiado curto para tantos
sonhos... mas o segredo talvez passe pela capacidade de aprender a sonhar mais
simples, sonhar com o amanhã antes de sonhar com o ano que virá (tão) depois.
Sonhar à mesa, com os que descansam o seu coração perto do lugar onde nosso
também tem paz. Depois, mudar o que for preciso, tudo, se necessário. Sendo
mais fortes que os medos...
A felicidade nunca chega aos corações dos egoístas. As lágrimas só
saem dos olhos de quem é capaz de sonhar. Porque só quem se dá como abrigo à
esperança sofre os reveses de tantas noites que adiam as madrugadas. Só quem
espera pelo melhor, sofre o peso dele se adiar...
A Vida não é só isto, aqui. É mais, muito mais. Quem busca o
significado da sua existência apenas por aquilo que vê neste mundo, condena-se
a uma vida sem sentido, por não ser capaz de ver com os olhos fechados...
As mudanças doem. Sem dúvida. Porque envolvem incertezas. Mas não
será toda a nossa vida, toda ela, uma enorme incerteza? E quão mais bela fica
por se saber que é certo que nesse mar incerto, mais tarde ou mais cedo,
descobriremos a nossa casa!
Investigador
Escreve ao sábado