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sábado, 1 de agosto de 2009

O SEXO FORTE

A nova sociedade Matriarcal.

Gosto de lémures..e de elefantes. Vivem em grupos constituídos por sociedades matriarcais.
E “a coisa” tem aspecto de funcionar.
Estamos no séc XXI e os homens não perceberam que têm muito que crescer para chegar até nós.
Há mais de 100 anos, quando a minha avó paterna saiu do Porto para ir estudar para a Universidade de Coimbra foi um escândalo na família. Entretanto, completou os estudos e casou com um colega que lhe deu 8 filhos e lhe fez a vida negra. Sim, o meu inteligentíssimo avô, monárquico ferrenho, era um machista de primeira água. E a minha adorada avó aguentou.
A minha avó materna, filha de proprietários da zona de Abrantes teve o maior desgosto da vida dela porque viu os 6 irmãos seguirem estudos e ela não. Alguns morreram com a pneumónica, penso que outros terão ido para a 1ª Guerra Mundial…e a avó viu-se à frente de uma casa de família.
Casou…Juntaram bens e propriedades, mas o meu querido avô materno nunca teve muito “jeito para o negócio” e a pouco e pouco a fortuna familiar foi-se perdendo. A avó morreu amargurada porque tinha tido tudo e tudo tinha perdido.
Foi com o exemplo delas que me “construí”.
Mulheres Fortes.
Mulheres que podiam ter ido muito mais longe se os maridos não tivessem sido tão típicamente machos latinos.
Mulheres que me ensinaram muita coisa….Lembro-me de ser pequenina e ir para o quarto da avó L… ver revistas antigas sobre o Regicídio…Meio às escondidas, as avós foram sempre monárquicas.
A Fé em Deus que possuo, a elas e à minha querida mãe agradeço: é o suporte e estrutura da minha personalidade.
No último ano de vida, em que a mãe fazia todos os dias quase 200 Km para ir e voltar ao IPO, ela preferia sempre ir comigo, com uma amiga ou com a minha irmã. Dizia: “prefiro que o pai não vá. Ele, coitado, ainda vai atrapalhar mais!”.
Homens!!!!????
Que é que se passa convosco??
Onde está a vossa força, que vos aconteceu à testosterona??
Só serve mesmo para desapertar as porcas das rodas quando é preciso mudar um pneu?
Eu …que sou mulher, tenho momentos de grande fragilidade, disfarçados por momentos de grande força.
Fiquei sem marido, inesperadamente quando ele me “trocou” por uma ricalhaça ambiciosa deixando-me com 2 bebés: uma de 3 anos e outra de 7 meses.
Lembro-me de chorar para cima da Filipa enquanto a amamentava.
Sobrevivivi.
Passei a contar comigo e a não ter medo de viver.
Eu que tinha medo de conduzir em Lisboa (aqueles condutores pareciam-me uma matilha de lobos selvagens), comecei a ir para todo o lado ao volante do meu carro, jeep, o que fosse.
Quando tive um tumor na cabeça e fiquei proibida de conduzir até à cirurgia, tomava cortisona,(anti-inflamatório cerebral potentíssimo), e guiava à mesma em Coruche.
Cheguei a ir ao cemitério lavar a campa de família caso a operação corresse mal. Sem dramas.
As minhas filhas só se aperceberam da gravidade da situação quando eu voltei de Lisboa, já operada, e desmaiava sentada.
Mas tive força e a ajuda da minha mãe que as ajudou a distrair e a compreender que a mãe estava fraca mas ia ficar bem.
E fiquei. Passados 15 dias de uma operação de 7 horas, estava na praia com amigos.
Em 2006, perdi o meu melhor amigo e marido da minha melhor amiga de faculdade com uma LMC.
Quando ele piorou e a minha amiga me telefonou em prantos, eu meti-me no meu carro a uma sexta feira à tarde, para me despedir do homem mais corajoso que tive o privilégio de conhecer. Estava de máscara de oxigénio, a sorrir e a combinar umas jantaradas em Monsaraz com uns bons tintos alentejanos. Despedimo-nos a sorrir.
Foi sedado nessa noite mas antes mandou uma sms à mulher dizendo “está tudo bem minha querida””. Nunca mais acordou.
Foi a maior perda que tive…em 2006. Mas sobrevivi, porque estamos condenados a sobreviver à dor.
A Helena, viúva, só me dizia: “ele era bom demais para este mundo, por isso Deus o chamou….”
A partir daí, parte da minha amiga morreu por dentro, eu sei.
Como ela diz: “queria morrer como ele, ir ter com ele”.
E eu… apenas a ouvia. Foram 20 anos de um casamento perfeito.
A vida foi continuando e foram passando “pessoas” pela minha vida.
Confesso que em quase 10 anos de divórcio não conheci nenhum homem à minha altura: uns lamentam-se muito da vida, outros só querem aventuras, outros ainda querem-nos comprar com as suas riquezas materiais.
Quando o meu último namorado me dizia: “estou muito cansado..” Eu tinha que lhe responder: _”L, se tu estás cansado, então eu estou morta!!!”.
Toda a gente acha que dar aulas é um grande privilégio porque blabla , emprego certo etc.
Mas não estão lá. A dar em doidos com alunos psicopatas e mal educados, a aturar ministras doentes mentais e alguns colegas com tiques autoritários.
Eu não escolhi dar aulas: como Zootécnica sempre quis seguir investigação em campo e laboratório.
Nunca me imaginei a ensinar miúdos na idade do armário.
Sacrifiquei o sonho à realidade: em casa estão 2 filhas que precisam de mim.
Agora tenham dó: não me venham queixar-se das desgradinhos dos pneus que têm que ser mudados e que a vida está tão difícil: eu também mudo os pneus ao meu carro. E pago-o. Com dificuldades, claro. A pensão de alimentos do meu ex marido é risível : quem consegue fugir aos impostos, consegue o que quer perante um tribunal.
Não quero um homem para me ajudar nem para me explorar, Nem sequer quero casar-me: como católica a Igreja não o permite (ainda).
Não tenho vida, nem casa, nem tempo para fazer vida de casada mas obviamente que não estou “na onda” de relações da moda “one nigth stand”. A nós, maioria de mulheres com neurónios funcionantes, quem nos toca no corpo, invade-nos a Alma.
Já me habituei a este trio_ eu e as minhas filhas_, a tomar as minhas/nossas decisões sem pedir opiniões.
Mas quero amar e ser amada, sim. Obviamente que sim.
Quero ao meu lado um homem que me dê a mão e enfrente a vida de cabeça levantada.
Quero um homem que seja tão forte como eu e que não tenha medo de dar a cara ao toiro das dificuldades. Um homem que esteja ao meu lado para rir comigo e para chorar comigo se for caso disso.
Quero um homem que me faça sentir Amada, valorizada, apreciada. Que olhe para além dos seus botões e que pense como eu, que ensino às minhas filhas: “ não são as coisas que nos dão classe, mas nós que damos classe às coisas que usamos”.
Um homem que não me exija presentes de marca mas que saiba que é ele que dá marca ao que têm.
Viver de aparências não é para mim. Ter de frequentar o sítio X e Y, ter de ir à festa A e B e à corrida de toiros Z e W porque vai sair na revista não é para mim.
Não é fácil estar só. Mas é muito mais difícil, pelo menos a longo prazo, estar mal acompanhada!
Por isso minhas amigas: bola para a frente. O futuro é nosso…E de quem nos acompanhar.

Isabel

PS: Há quem critique a minha exposição íntima neste blog.
Neste momento não há psicólogos disponíveis e são caros.
Escrever é uma catarse para mim.
Quem não deve, não teme….E só lê isto quem quer.
Quanto às más interpretações…Bem, nem toda a gente aprendeu a ler não é???:)

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